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Ansiedade: por que existe, do que se alimenta e como conviver com ela


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Ansiedade: ô palavrinha que causa problemas! Por si só, a palavra já é capaz de provocar sintomas físicos desconfortáveis.


Portanto, a grosso modo, podemos dizer que ANSIEDADE não passa realmente disso: um conjunto de respostas fisiológicas (taquicardia, sudorese, etc) e aprendidas (pensamentos, ações) causadas por eventos ambientais.⠀


Ao contrário do que o zé povinho costuma dizer, a ansiedade não é uma entidade interna, não é causa imediata pra nada e não acontece como um flash, sem nenhum motivo.⠀


Não, queridas, a ansiedade não tem poder divino sobre vocês!


E pra tentarmos nos relacionar de modo mais adaptado com essas respostas de ansiedade precisamos, em primeiro lugar, abandonar a noção equivocada de que as causas para nossos comportamentos estão dentro de nós.⠀


Na verdade, os determinantes estão em nosso meio e na relação que mantemos com ele. ⠀


Quero tentar guiar vocês neste caminho de luz (e de responsabilidade), então esse vai ser o primeiro de uma série de posts abordando a temática mais popular da era instagramável: o embuste da ansiedade.⠀


Mas afinal, por que raios sentimos ansiedade?


Respondendo a pergunta do título: podemos sentir ansiedade por diversos motivos, e o mais chocante deles é porque, filogeneticamente falando, respostas de ansiedade são adaptativas e aumentam a nossa chance de sobrevivência enquanto espécie.⠀


Os nossos ancestrais gracinhas, lá na época dos Flinstons, já se sentiam assim diante de potenciais perigos do ambiente, e percebiam tais respostas como sinais de alerta do corpo para que se preparassem pra lutar ou pra fugir. Mas a bagaça foi evoluindo e hoje, muitas vezes, suspeitamos que algo aversivo vai ocorrer mesmo sem termos passado, necessariamente, por um evento traumático.


Ansiedade ou… medo?


Para endossar o tema, ainda fica uma pergunta: será que o que você está sentindo é realmente ansiedade ou é medo disfarçado?

Afinal, vocês conseguem perceber a sutil diferença entre esses dois sentimentozinhos?⠀

Tenho que concordar, são sensações que só nós mesmes conseguimos acessar bem parecidas.⠀

Ambos os sentimentos podem fazer com que sintamos falta de ar, que tremamos, suemos, sintamos tontura e tudo mais. Diante de tal semelhança, como podemos, então, discriminar sobre o nosso sentir?⠀

Migo, Skinner divo, aponta uma possibilidade legal ao dizer que sentimos ansiedade diante de situações de perigo (quando já passamos por algo similar que foi ruim) ou de desamparo (quando não conseguimos fazer nadinha pra evitar que algo ruim aconteça de novo). ⠀

Já sentir medo tem a ver com uma programação biológica que todos nós temos diante de situações que ameaçam a sobrevivência da espécie (ou seja, você não precisaria ter passado por algo traumático pra ter essas sensações).⠀

Exemplo prático: é normal você ter medo quando pisa, pela primeira vez, na ilha com maior número de cobras venenosas do Brasil. É visivelmente uma situação que ameaça à sua sobrevivência, então é interessante você estar em estado de alerta. ⠀

Já se sentir ansioso diante da possibilidade de viajar pro campo, porque lá podem existir cobras, é diferente. Você se sente mal pela incerteza da ameaça e, talvez, pela impossibilidade de se livrar dessa condição imprevisível.⠀

Conforme nos relacionamos com o mundo, condicionamos sentimentos de medo e de ansiedade à inúmeras situações, ou seja, generalizamos, e isso é um ponto de atenção. ⠀

Tanto medo quanto ansiedade são sentimentos necessários à nossa sobrevivência, porém, em excesso, ambos são problemáticos e podem ser entraves para um estilo de vida saudável. ⠀

Busquem se autoconhecer SEMPRE, pois uma pessoa consciente de si mesma está mais preparada para ajustar o seu próprio comportamento diante de situações com “potencial paralisador” (seja por medo ou por ansiedade)


Como lidar com a ansiedade


Uma vida sem nadica de ansiedade é impossível, so sorry, gente. 😢


Porém, devemos estar atentas para quando a danada começa a nos prejudicar demais (sendo persona non grata de alta frequência e intensidade). Pensando nisso, montei um guia rápido (e hiper básico) para momentos de muita dificuldade/bad vibes com “ela”.


Todos experienciamos ansiedade algumas (muitas) vezes ao longo da vida. É totalmente natural.


O que não é muito legal é quando a lazarenta vai entrando sem ser convidada, abre a geladeira com o pé e senta no melhor assento do sofá. Quero dizer, quando sentimos tanta, mas tanta ansiedade (de modo frequente, intenso e paralisante) que temos a sensação de que a vida está completamente fora dos eixos (e por tempo demais).


E foi pensando nisso que esse guia basicão foi elaborado. O objetivo aqui é psicoeducar, bem como chamar a sua atenção pra alguns aspectos básicos que precisam ser considerados em situações de muita ansiedade. Espero que ajude pelo menos um pouquinho!


Guia rápido para lidar com a ansiedade


  1. Cuide do seu corpinho: remover ou diminuir substâncias estimulantes (tipo os 3 litros de café que você toma todo dia) pode ajudar, pois elas podem intensificar alguns sintomas característicos. É importante que você cuide dessa parte biológica antes de passar para uma fase de enfrentamento, por exemplo. Não queremos que você esteja tão mal quando for se expor àquilo que te deixa ansiosa (e, de fato, precisa ser enfrentado).

  2. Seja uma observadora de si mesma, se questione: você é capaz de discriminar sobre o que contribui pra manutenção das situações de ansiedade na sua vida? Já prestou atenção ao antes, durante e depois de se sentir muito ansiosa? Sabe como ela se manifesta no seu corpo e nos seus pensamentos? É essencial buscar elementos da sua história de vida que tragam sentido não só pra origem do problema, mas também pra elementos atuais que favoreçam sua manutenção.

  3. Tente diferenciar o problema real dos seus pensamentos (em geral, alicerçados em desgraça): que tal fazer uma lista pra tentar perceber o quanto da sua ansiedade pode estar vinculada à riscos que não são necessariamente reais? Pensamentos são apenas pensamentos e tentar se desvincular deles é uma estratégia interessante.

  4. Trabalhe pra desenvolver habilidades, pois elas serão importantes pra você conseguir se expor e criar novas relações com o que quer que te deixe ansiosa. Por exemplo: não consegue falar nãos no trabalho, foque em aprender novas formas de comunicação assertiva. Você pode treinar isso com a sua psico durante uma sessão ou com a sua melhor amiga, por exemplo, e avaliar as possíveis formas de estabelecer limites com o seu colega de time folgado.

  5. Enfrente as situações que te causam ansiedade de modo gradual e paciente: nada de querer ir direto ao ponto, curta e grossa, ou vai ou racha, por favor! Considerando o risco real faça um enfrentamento a passos lentos, se exponha às situações mais fáceis primeiro e vá se familiarizando com como se sente e observando as consequências dessa exposição.

  6. Esteja aberta para uma mudança de ambiente: ok, você já tentou diversas estratégias, se percebe cada vez mais autoconsciente e mesmo assim nada parece surtir efeito e você continua em uma relação difícil com a sua ansiedade. Pode ser que o problema esteja exatamente no contexto em que você está inserida e sair dele tenha que se tornar uma opção. É preciso aceitar que, algumas vezes, o único modo de direcionar as suas ações pra objetivos que façam sentido pra você é desenvolver ativamente comportamentos que te ajudarão a mudar de ambiente. Devemos considerar que terminar um namoro, trancar a faculdade ou mudar de emprego podem ser escolhas difíceis, porém necessárias, pra uma vida um pouco menos ansiosa.


Tá… E agora?


De modo geral, quando lidamos com ansiedade é importante focarmos em algumas coisas (processos globais em que minhas dicas foram baseadas, turupem?!), sendo elas: cuidado com o organismo/corpitcho, psicoeducação e autoconhecimento, desenvolvimento de habilidades, enfrentamento gradual às condições ansiogênicas, aceitação, desfusão em relação aos pensamentos e possível mudança de ambiente.


*Mas prestem atenção: a ansiedade é um fenômeno complexo, multideterminado e que se

manifesta por motivos e de modos diferentes para cada pessoa (o que demandaria uma análise individual para entendimento de cada caso e, por consequência, para seu “tratamento”). Meu guia genérico provavelmente não funcionará para todo mundo e sempre, pois possui a função primária de psicoeducar. NADA, amadas, nenhum post engraçadinho substitui o trabalho personalizado e meticuloso feito em setting terapêutico por um psicólogo capacitado para isso, ok?*


É, eu sei, é muita coisa. Mas a terapia tá aí pra ampliar não só a sua compreensão sobre o fenômeno, como também para te ajudar a descobrir o que determina, na sua vida, o aparecimento e a manutenção de respostas de ansiedade.⠀


Dito isso, espero que a Luminha aqui tenha te ajudado a entender um pouco mais sobre a sua, a minha, a nossa, ansiedade! 😉



 
 
 

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