O incrível mundo das relações humanas
- Luma Deffendi
- 4 de mar. de 2024
- 3 min de leitura

Por aqui é assim: ora um pouco de egocentrismo poético, ora um tico de conhecimento (que represado não vale mais que um guaraná Dolly quente).
Vamos falar sobre aquelas que podem ser nossas fontes mais genuínas de felicidade (ao mesmo tempo que de desgraça), e que são indissociáveis da nossa existência enquanto homo sapiens, habitantes desse mundo muito doido: as amadas e temidas relações humanas.
Se relacionar com outras pessoas não só é característico da nossa espécie, como também é necessário se queremos seguir como parte integrante da sociedade. E digo mais: ter (poucas e boas) relações pode ser preditor de saúde, bem como, sejamos sinceras, adiciona um temperinho a mais na nossa nada mole existência.
Só que viver em comunidade também dá muito trabalho e nos coloca, geralmente, em situação de risco (de surto, inclusive). Visto que somos um conjunto não apenas de semelhanças, mas de potenciais diferenças, por vezes tidas como irreparáveis, como podemos nos relacionar melhor com “o outro” de modo que a vida seja mais de boas e se pareça menos com uma tragédia grega?
São várias as possibilidades, mas aqui quero discorrer sobre a diferença que existe entre buscarmos compreensão e entre objetivarmos respeito, e como isso se entrelaça com a urgência de sermos capazes de estabelecer limites claros e factíveis em nossas relações.
Eu sei: queremos pertencer e isso é visceralmente humano. Queremos ser entendidas, lidas, compreendidas em nossas dores e posicionamentos. E constantemente exigimos isso das pessoas ao nosso redor, sem nos lembrarmos de que, em essência, sermos diferentes dificulta muito, se não anula, a possibilidade de alguns chegarem a certo nível de compreensão sobre nossos processos individuais.
Alinhadas a nossos valores mais profundos enquanto em interação com alguém, pois é isso que, em última instância, nos proporciona a clareza de uma consciência tranquila, algo que sempre sugiro às minhas clientes é que busquem o respeito e não exatamente a compreensão global de quem as cerca.
A premissa é básica: seremos mais facilmente entendidas por quem se assemelha a nós e/ou enxerga o mundo sob uma perspectiva similar, mas podemos aumentar a chance de sermos minimamente respeitadas se formos capazes de traduzir nossos limites em regras/comportamentos mais objetivos.
Em outras palavras, podemos ao menos tentar dizer o que o outro pode ou não fazer na nossa presença, como deve ou não nos tratar. Não tem escapatória: dizer o que permitimos ou não em uma relação é nossa responsabilidade intransferível. Agora, se o fulano vai respeitar o que nos é imperativo aí já é outra conversa...
Mas o pulo do gato é esse: talvez estejamos gastando energia demais tentando tirar leite de pedra, minha gente!
Que tal ao invés de dedicarmos a vida a produzir compreensão em uma relação que não é compatível com isso, concentrarmos nossos esforços em nos respeitar em primeiro lugar e em impor nossos limites de maneira aberta, buscando assim que sejamos respeitadas por sermos o que somos nessa e em outras relações?
E podemos ir além: e se nos dispusermos a nutrir com mais carinho aquelas relações em que a compatibilidade seja mais possível? Tá, existirão ocasiões em que não poderemos simplesmente bater a porta na cara de algumas pessoas (tipo um “tchau, mãe, valeu”), mas podemos tentar focar no que realmente importa: nós e naquilo que traz significado às nossas vidas. Se aproximar de quem rema no barquinho com a gente, já que marinheira solo nesse mar da humanidade não rola muito, é um bom meio de se fazer isso.
Eu ouvi um amém?
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