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Se joga na vida, Rapunzel: como eu me aprisionei e me libertei da masmorra das redes sociais


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Eu cuspi pra cima e admito: me vi prisioneira do meu próprio castelinho chamado @ profissional. “Néra você que falava que isso aqui era um meio de se conectar com as outras pessoas, compartilhar conhecimento de um jeito leve, trocar experiências?” Era. E ainda penso assim, tá? Só que me distraí, caí nos encantos maléficos da rede e nem virei meme pra compensar o mico.


Claro, o insta trouxe sim várias coisas legais pra mim, mas acabou adquirindo uma função extremamente ansiogênica nos últimos tempos. E pra mudar (um pouco) isso, precisei tomar perspectiva, respirar fundo, “olhar pra dentro” e desacelerar. Foi importante acolher e validar esse desconforto que antes eu julgava como bobeira (o de ficar ansiosa com cada-pequeno-movimento e resultado aqui no insta). Foi necessário me abrir pra outras novas (e velhas) possibilidades de ser que me trazem vitalidade (produzir conteúdo é legal, mas sabe o que também é legal? A vida fora das telas: sair com as minhas amigas, viajar, correr, cochilar sem pressa...).


As redes sociais são boas aliadas, mas também nos inserem em um contexto de disputa e podem minar o nosso bem-estar ao instigar uma comparação desmedida aos milhares de recortes bem-sucedidos da vida alheia. Mensagens do tipo “você precisa lotar a sua agenda, ganhar tantos mil por mês, ter o sixpack das famosas AND estar nas Maldivas no próximo verão” fazem parte da típica classe de discurso que não considera a pluralidade e a humanidade de todas nós. E, se não ficarmos atentas, a gente se prende na masmorra mesmo. Nem precisa de carrasco na porta, ficamos ali absortas com a promessa do reino encantado dos algoritmos favoráveis e das vidas perfeitas.


Estar mais presente nas redes sociais exige renúncias e apostas que hoje não estou mais disposta a fazer. Essa é a premissa da vida: ajeita aqui, atrapalha lá. Mais presente fora da tela, menos presença virtual. Não tem jeito, por isso sempre falo sobre a importância de sermos capazes de bancar as nossas escolhas de acordo com o que é valoroso pra nós. Pode ser que isso mude? Claro. Mas a prioridade hoje é outra.


O que observo é que, enquanto psicólogas, já somos normalmente incentivadas pela cultura a abrir mão do que é nosso pelo que afeta o outro (psicóloga AND mulher então...). Comecei a questionar se a minha produção de conteúdo não estava a serviço dessa premissa (e de uma obrigação na corrida interminável que rola nas redes sociais), ao invés de alinhada aos valores da conexão, do autodesenvolvimento e do compartilhamento de conhecimento. Infelizmente, percebi que esse meu lapso tinha sim me afastado do que é importante pra mim e, principalmente por isso, tirei o pé. Mais do que uma posição no pódio final, eu desejo estar comprometida comigo mesma e com o que deixa a minha vida mais interessante, me brilha os olhos e faz o coração bater mais forte.


Como ser humano que sou, tenho dias e dias, momentos bons e ruins e é muito difícil (eu diria até impossível) me abster disso pra manter uma constância aqui a despeito de tudo. A despeito de mim.


Eu adoro escrever e bater papo. Adoro criar. Gosto que reconheçam o meu trabalho e o meu jeitinho peculiar de comunicar as coisas. Não nego nada disso. Por essas e por outras ainda faz sentido estar aqui, só que agora mais devagar, mais consciente, menos bitolada. Então, “diga às manas que fico”. Mas também me coloco mais como eu, a Luma que curte várias outras coisas que não apenas falar sobre psicologia fazendo trocadilhos infames. Na verdade, acho que já deu pra perceber que essa Eu montou acampamento neste lugar a algum tempo (tô até achando que ela vai lançar a braba e fazer um usucapião disso tudo aqui).


E se sentirem saudade e quiserem me “ler” mais vezes, saibam que eu ando por aí, na esquina do pensar com o sentir e tá tudo bem. Me encontrem onde a experiência da vida acontece: no aqui e no agora, só que ali pros lados do mundo real.


 
 
 

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©2020 por Palombina.

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