Somos mulheres e seremos resistência - Uma reflexão angustiada e crítica sobre o 8 de Março
- Luma Deffendi

- 8 de mar. de 2023
- 2 min de leitura

Ahhh, mais um 8 de Março, Dia Internacional das Mulheres! E mais uma vez eu chego com um post bem angustiado e crítico pra coroar essa data tão emblemática.
O tema deste ano é: pqp, acorda, mana! Você não nasceu mais doce e frágil e inapta pra algumas coisas POHA nenhuma!
Esse pensamento (e a tentativa exaustiva de manter esses padrões de comportamentos) é fruto de uma socialização diferente (e misógina) à qual você (e eu e todas nós) foi submetida ao longo da sua vida inteira! Somos estimuladas a pensar dentro de uma caixa minúscula, reduzida à maternidade e ao cuidado com o outro. Enquanto isso, os homens são educados de modo enérgico para continuarem exercendo o seu poder no mundo: o céu é o limite pra quem nasce XY na nossa sociedade. Se for branco, hétero e envolto em recursos financeiros então... Limite não existe.
Nossa socialização é total em prol do outro, que quase sempre é esse homi aí. E como o barco toca na esfera social só aumenta a chance de continuar sendo assim forévis, eternamente e amém.
Pensemos juntas agora: nossas leis favorecem quem? A produção de conhecimento favorece quem? O desenvolvimento de tecnologias? A nossa cultura é feita por e para homens, mas será que eles ocupam esses espaços porque são mais aptos pra tal desde que o mundo é mundo ou porque assim mantém a dominação sobre nós? Hello, colega!
É óbvio que precisamos romper essas barreiras culturais, por meio de um projeto difícil e de longo prazo, se nosso alvo é a equidade. E um dos primeiros passos talvez seja considerar e, não livre de sofrimento, que essa estrutura de poder desigual e violenta existe e faz parte do que somos no mundo como ele é hoje. Enquanto colocarmos pesos e medidas diferentes baseadas em uma explicação internalista chula, de que homens são predestinados a grandiosidades e mulheres a serem reféns de um amontoado de estereótipos de fragilidade, seremos todas reféns desse sistema que só ruma pra nossa completa anulação enquanto seres pensantes, ativos e dotados de potencial como quaisquer outros.
A verdade é que se não mudarmos as estruturas, sempre estaremos em posição de maior vulnerabilidade. Mas é importante lembrar que essa é uma questão coletiva que, grosso modo, afeta a todos nós. Necessitamos de uma organização social e política mais ampla que viabilize direitos e deveres mais equilibrados entre TODOS. The end.
Tá aí pra quem quiser ver: existe um abismo gigantesco entre como homens e mulheres são tratados em nossa sociedade e é claro que muitos homi privilegiados não querem que isso mude, pois tal assimetria de poder os beneficia pra baralho. E eu nem toquei no ponto ainda mais sensível que é que se aprofundarmos mais a discussão pra questões de raça e classe social, por exemplo, a bagaça vai ficando ainda pior... É muita dor, gente.
Então, que a luta comece por nós, as mais oprimidas e violentadas. Que não marchemos sós e que sejamos capazes de olhar com ternura e compaixão umas pras outras. De braços dados ecoamos: “Somos mulheres e seremos resistência!”.





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